Brasil: Logo, logo o primeiro reencontro


Daqui a pouco será o grande reencontro! Mal posso esperar, pois foram 3 anos e meio longe de tudo que estava acostumada, longe dos familiares amados, longe dos amigos queridos...

Faltam poucos dias e vocês nem imaginam o que estou sentindo. Viajar para o Brasil, voltar a rever os marcos culturais da cidade de São Paulo. Olhar para o lugar que nasci, para as pessoas que me viram crescer. Se por um lado sei que matarei as saudades de muitos lugares, por outro há uma mistura de sentimentos tomando conta de mim.

Saudade, ansiedade, medo, amor, alegria!

Nesse momento, antecipo um tanto do tempo arrumando as malas e o que me move a esse trabalho, a pensar no ajuste que tenho que fazer entre toda a bagagem que preciso com a quantidade de malas é lembrar que logo, logo matarei as saudades da minha família e dos meus grandes amigos. Confesso que não sou tão prática assim para fazer as malas. Se fosse possível, amarrava uma corda nos armários e pronto, levava todos comigo.. Acho difícil conciliar, pensar nas quantidades, mesclar as roupas para corresponder a temperatura. Além do mais, só tenho que pensar por cinco... só isso! Tarefa fácil! Que nada...

Mas sinto saudades! Saudades do clima, das pessoas, dos lugares, dos encontros de família, de sentar para conversar com as amigas, das comidas, das escolas que trabalhei, das pessoas que me apoiaram tanto quando tomei a decisão de mudar para a Alemanha, dos shoppings e principalmente de comida japonesa, churrasco e caipirinha. Lógico que já comi tudo isso por aqui, que já fiz caipirinha também, porém jamais será igual, com gostinho de Brasil. Sei lá, sempre as comidas, bebidas e passeios estavam atrelados a pessoas queridas. Sabe quando você lembra de uma pessoa, logo associa os encontros que tinha em determinado lugar, com um tipo de comida. Era bom demais e quero poder viver tudo isso novamente, pelo menos um pouquinho.

Ansiedade, uma ansiedade tremenda para ver tudo que fará parte do meu dia a dia no Brasil, para sentir as impressões dos encontros que terei, para perceber o quanto o tempo passou, o quanto as pessoas mudaram ou continuam iguais. Uma ansiedade para colocar tudo na balança, o tempo que vivi no Brasil, o tempo que moro na Alemanha, para pensar no futuro. Reencontrar de certa forma é minha urgência nesse momento! Preciso para tomar decisões, para de certa forma abraçar ainda mais a minha vida na Alemanha ou não. Para confirmar um tanto de coisas para mim.

Muitas pessoas dizem, muitas amigas blogueiras que moram fora e tenho contato já me disseram que será bom demais esse tempo no Brasil. Que viveram intensamente esse primeiro reencontro e voltaram para o lugar que moram atualmente mais fortalecidas e decididas. Realmente não sei o que pensarei,  sentirei e terei vontade. A única coisa que afirmo é que hoje quero viver, desejo esse reencontro.

Para acontecer tudo isso, para aproveitar intensamente preciso primeiramente controlar a ansiedade, a ansiedade de viajar com duas crianças pequenas e um bebê. Ahhhh medo... medo de como serão as 12 horas de vôo, no qual mil perguntas estão presentes em meu pensamento, entre elas: Se eles não dormirem? Se o Lucas chorar, chorar? Se passarem mal e vomitarem? Se EU não conseguir descansar nada, nadinha? Se as pessoas fizerem cara feia para meus filhos?

Medo! Medo! Medo! Medo! Medo! Medo da loucura, correria, trânsito, violência que encontramos na cidade de São Paulo. Após esse tempo fora, vivendo num país no qual há grande porcentagem de segurança garantida e qualidade de vida tenho medo do reencontro! Sei que não é pra tanto, já que sempre morei no Brasil. Mas a gente se acostuma com tudo de bom, sem se sentir ameaçada o tempo todo ao andar pelas ruas.

Tenho medo ao imaginar o que as pessoas acharão da minha vida, da minha nova vida na Alemanha, sobre o meu jeito de ser. Sou segura, sou feliz com minha família, porém sempre há receio do olhar que as pessoas tem sobre nós. Sou simples, aprendi muito nesse tempo morando fora e quero que as pessoas continuem me vendo como aquela Celi que conheceram, só que com um novo aprendizado, uma nova experiência.

Sinto medo do arrependimento. Do arrependimento bater em meu pensamento, no meu coração. De perceber que o meu lugar é realmente no Brasil. Ao mesmo tempo, preciso sentir tudo isso e sei que não será de um dia para o outro. Levo comigo a idéia de que nada é imutável, de que tudo é possível, no qual basta acreditarmos e seguirmos em frente (total clichê). Por isso, quero olhar sempre adiante... sempre pensando no melhor para meus filhos, meu marido, para mim.

Hoje somos 5 e meus homens são meus grandes amores. Mas amor, tenho um coração enorme, tenho tanto amor pra dar. Fico sonhando, imaginando meu reencontro com pessoas que não tive a oportunidade de beijar, abraçar e ao menos conversar lado a lado. Meu pai, meus irmãos, minha avó, minha cunhada, minhas amigas.

Sei que expectativa gera expectativa, no entanto prefiro não pensar muito que esse tempo distante das pessoas pode trazer uma tristeza, uma esperança, um desejo, uma visão diferente, algo estranho no jeito de ser das pessoas, no nosso relacionamento. Irei para o Brasil cheia de amor para dar, fazendo o possível para conciliar a demanda dos meus filhos, para fazer com que as pessoas fiquem alegres. Sejam felizes!

Alegria é o sentimento que permeia minha família nesse momento! Desejo de reencontro! Por isso, preparem-se, vocês que são próximos, que gostam de nós. Coloquem tudo que há de mais marcante, de brasileiro junto de vocês e esperem pois logo, logo chegaremos....
29

Cidade pequena e alguns episódios

Dizem por aqui o quanto é bom morar numa cidade com 7.000 habitantes. Que é bom, pois todo mundo se conhece, sabe demais da vida do outro. Se por um lado há o conceito propriamente de comunidade, por outro, na minha opinião, há pouca privacidade.

Já escrevi sobre isso aqui, mas a verdade é que percebo que me incomoda um pouco o jeito de ser do povo alemão, no qual apresentam fortemente um ritmo, costumes diários nos quais parecem impossíveis de serem mudados.

Sabemos a importância da rotina, da organização, mas nem sempre precisamos seguir tudo fielmente. Percebo que há pessoas na Alemanha que dificilmente mudam seus pensamentos, hábitos e horários. Uma grande rigidez para a mudança, para o novo, desconhecido.

Quando falo de costume de conhecer o outro através da rotina logo lembro de alguns acontecimentos que merecem o registro.

--------------------------------------------------------------------

Carteiro

Desde que mudamos para a Alemanha é o mesmo mocinho que entrega as correspondências. O que é natural e acredito que aconteça em qualquer parte do mundo.

Interessante ver a relação com as pessoas, no qual as chamam pelo sobrenome e sabe um tanto da rotina (horários) e costumes quando se trata das preferências para colocar as cartas ou encomendas caso não estejam em casa.

Super educado sempre que nos vê pelas ruas faz questão de cumprimentar. O mais engraçado foi o que aconteceu outro dia.

O mesmo carteiro sabendo que não estava em casa, pois acredito que tocou a campainha, tinha uma caixa com algumas compras que havia feito na Internet. Logo teve a idéia brilhante de colocá-la no terraço, dentro da caixa de areia em formato de sapo que guardamos os brinquedos das crianças. Tamanho foi a nossa surpresa quando lemos o recado que havia deixado e, em seguida, abrimos a caixa de areia.

Uma boa idéia! Foi melhor que deixá-la na porta de casa ou no correio mais próximo. Adorei!

 
--------------------------------------------------------------------

Vizinha

Há pouco tempo atrás escrevi sobre a solidariedade da minha vizinha, o quanto é simpática e gosta de me ajudar com as crianças, porém que fazia questão de ficar com o Lucas toda perfumada enquanto buscava Felipe e Thomas na escola.

A solução que dei foi agradecê-la e começar a levá-lo comigo. Dessa forma passei a evitar com que o perfume dela impreginasse no meu filho e também na casa.

Mas que nada! Parece que outro dia quis dar o troco em mim.

Estava chovendo e a mesma falou, insistiu para ficar com o Lucas enquanto buscava os meninos. Além da insistência assumo que tem dia que acaba sendo mais prático, já que considero o tempo que o Lucas muitas vezes já ficou fora de casa quando, por exemplo, fomos as compras. Senão quando acabou de acordar, além disso é um trabalho para poucos minutos, já que é só o tempo de buscá-los e voltarmos para casa. Vale considerar que a escola de carro fica a 3 minutos de casa. Então, se pensarmos pode ser que perco mais tempo colocando-o no bebê-conforto, no carro, tirando-o, colocando no carrinho e a mesma coisa na volta.

Mas querem saber tenho assumido essa tarefa. Uma forma de não depender das pessoas, ainda mais quando você volta para casa, pega seu filho e percebe um cheiro de pum na sala. Quem foi? O bebê? Não....

O preço que pago!

-------------------------------------------------------------------

Ainda a mesma vizinha

Compreendo que tem hora que não dá para segurar o pum. Agora achei demais da conta e acho melhor nem entrar em detalhes.

Uma maravilha a simpatia e o quanto meus filhos são queridos por ela. Eles também adoram a presença dela.

Trato bem, converso, ajudo sempre que posso e sou solicitada. De modo geral, nos damos bem. Agradeço, pois confesso que já me ajudou com o idioma e em algumas situações específicas com meus filhos.

Mesmo assim, gosto de manter uma certa distância, pois além da minha comunicação ir até certo ponto para a compreensão, não gosto de escancarar a porta da minha casa. Compreendem que é necessário um limite?

Outro dia tive uma surpresa. Cheguei de um passeio com minha família, num belo sábado, no qual Lucas estava aflito para mamar.

Nesse momento encontrei com a vizinha esbaforida, solicitando um tempinho da minha presença no porão onde ficam as máquinas de lavar e secar. Só para contextualizar aqui na Alemanha é comum ter mais de uma família na mesma casa. Cada família mora num andar da casa. Há o porão com espaços em comum, por exemplo, o quarto onde ficam as máquinas.

Porém continuando... mesmo sem compreender 100% alemão fui até o quartinho das máquinas com ela e tamanho foi minha indignição quando me mostrou um produto para tirar mancha de roupa. Quis mostrar o pijama e a camiseta que estavam manchadas e pediu para eu tirar a mancha com o produto.

Juro que não acreditei no pedido. Nesse momento, achei que não havia entendido por conta do alemão. Mas foi isso mesmo...

Na hora expliquei como faço para tirar manchas (que aplico tal produto, que deixo de molho etc)

A vizinha mesmo assim não quis saber. Pediu para ler as instruções do produto e me deu carta branca para usar sua máquina de lavar.

Achei um pouco demais esse pedido... o que faria de diferente dela lendo as instruções que já haviam sido seguidas por ela e também pela nora?

Com minha correria deixei pra lá, ignorei e fingi que não entendi. Após 2 dias as roupas sumiram de lá e a mesma não tocou mais no assunto.

Tem um tanto de coisas que podemos sim pedir ajuda, solicitar para o outro. Agora, acredito que tenham maneiras corretas para isso! Não dá para impor...

----------------------------------------------------------------

O que vocês pensam sobre isso?

30

Dança das camas

Todo dia penso em escrever um post. O que não faltam são idéias e inúmeros acontecimentos para serem registrados. Porém, durante o dia são diversas as atividades e a noite temos um longo tempo para fazer com que os três meninos durmam. Confesso que após a dormida dos três, dificilmente tenho inspiração e ânimo para escrever. Quero mais é um banho, dar uma espiada nos e-mails, nas novidades do facebook e dormir, dormir mesmo. Por sinal, se tem algo que aprendi nesse tempo como mãe de três filhos é que a melhor coisa que posso fazer é dormir em seguida. Descansar, pois sabe-se lá como será a noite, quem acordará primeiro na madrugada. 

Sei dessa lição, porém nunca faço, sigo fielmente. Sempre quando acordo fico com o seguinte pensamento: “- Na próxima noite dormirei mais cedo!” O dia chega, vai embora e demoro para dormir. Costumo ficar no computador, assistir um pouco de televisão, conversar com o marido e quando vejo já é tarde demais, o cansaço só acumulou. Com isso, conseguem imaginar como estou me sentindo? 

As dormidas, colocar todos na cama e as madrugadas são intensas e muitas vezes longas demais. Um momento que inicia-se quando damos o leite, Lucas mama, escovamos os dentes, lemos uma história até colocarmos todos na cama. O mais interessante é que cada um tem seu tempo diferente, seu interesse e vontade. 

Felipe, mais velho, ama ouvir uma história. Então, geralmente um de nós lemos para ele. Em seguida, logo vai para a cama e facilmente adormece. Lógico que há exceções em alguns dias, no qual conversa e brinca com o Thomas, faz questão de nos chamarmos para dizer algo, para pedir para ficarmos um pouco ao seu lado, para lembrar que esquecemos de rezar, para dar mais um beijo e, assim vai. Mas de modo geral, mostra-se cansado, já que não tira mais a soneca da tarde. Deita na cama e em questão de minutos adormece.

Thomas já exige um tanto de dedicação, de inúmeras intervenções. Geralmente vê um livro e a depender da história escuta também ao lado do Felipe, já que o interesse e o tempo de concentração pouco a pouco mostra-se maior. Após todo esse momento, parece simples dizer boa noite para ambos e sair do quarto. Engano nosso. Thomas faz questão de ficar um tempo maior conosco, já que observa que muitas vezes Lucas ainda não dormiu. Acredito que pense que também possa fazer o mesmo. Observo que está totalmente na fase dos terrible two, com irmão mais novo, no qual a mãe permanece muito tempo com o bebê. O que é natural, necessário para um bebê, porém tem feito muitas coisas para chamar atenção, para mostrar o que deseja. 

Com isso estamos na batalha diária para darmos ao Thomas o limite necessário, cedermos em alguns momentos, darmos o carinho merecido e necessário também. Tarefa nada fácil que gera inúmeros questionamentos e sofrimentos.

Cedemos muitas vezes para que permaneça conosco após a dormida do Felipe. Muitas vezes Lucas está comigo ou no processo, quase adormecendo. Temos que conciliar fazer o Lucas dormir, no qual ora está no peito, ora está no colo ao mesmo tempo em que Thomas está ao nosso lado. Minha sorte é que marido participa efetivamente desse momento, apesar de muitos dias ambos quererem somente a mãe, eu... eu... eu...

Agora, pensam que para por aqui? De madrugada tem mais.


Lucas de uma semana para cá tem acordado muitas vezes durante a noite, já que anda com uma dor de barriga daquelas. Quem me disse que após os três meses as cólicas iriam embora? Cada hora algo diferente e dessa vez o organismo está se acostumando com a comida salgada, rejeitando de qualquer maneira um legume, o bendito purê de cenoura, já que provoca prisão de ventre e a gigantesca dor de barriga. Conseqüentemente acorda uma vez a noite, na segunda para mamar, três e, em alguns dias, quatro vezes. 

Logo sonolenta pego o Lucas no berço e rapidamente vou para a sala para evitar que o choro e os gritos acordem Felipe e Thomas. Que nada! Pensam que continuam dormindo? Varia muito de dia para dia. Sempre uma caixinha de surpresa e muitas vezes asssustadora no qual, por exemplo, Lucas está mamando na sala e de repente, no escuro aparece o Felipe pedindo para dormir comigo. Nesse momento, peço para ir direto pra minha cama a fim de evitar que desperte de vez o pequeno Lucas.

Já tivemos dias no qual voltei para minha cama, após um tempo colocamos o Felipe de volta na cama dele e, de repente, ouvimos um outro choro, passos no escuro, alguém chamando por mim. Dessa vez...Thomas! Thomas fazendo o maior escândalo querendo deitar comigo. Momento seguido após acabar de deitar, voltar da mamada ou mesmo enquanto estou amamentando o Lucas na sala ou colocando-o no berço. Caos total! 

Nessa hora faz-se necessário marido entrar em ação novamente. Todo mundo acalmando os filhos. Um com dor de barriga o outro chorando, falando...

Também já vivi a situação de voltar da mamada e simplesmente encontrar Felipe e Thomas na minha cama. O que fazer nesse momento? Dormir no sofá? Dormir todo mundo junto? Comprar uma cama maior ainda para os cinco? Dormir na cama deles?

Para a brincadeira das cadeiras tornar-se dança das camas só faltaria a música... 

Brinco com essas perguntas, mas a realidade é que ao mesmo tempo que sei que é uma fase, que isso tudo passará, também dá um desespero a noite, por todo o cansaço, por querer dormir e precisar dar conta de tudo isso ao mesmo tempo. 

Três filhos, demandas diferentes e o rodízio constante em minha cama...
39

Noz no pé

Já contei para vocês o quanto me surpreendi com as estações do ano na Alemanha. Realmente é adorável acompanhar a mudança de cores, principalmente possibilitar que meus filhos tenham esse contato com a natureza. Tudo isso talvez porque não tive uma infância no qual comia morango, cereja do pé, pegava folhas, pedras, frutos e sementes. Então, acho que é por isso que adoro registrar essas aventuras aqui e ali. Sempre que possível conto para vocês, não é mesmo?

Agora é época de noz, de nós ficarmos no pé, embaixo só catando as nozes que caem. Outro dia caminhando encontramos uma árvore de nozes na nossa rua. Dá para acreditar? Não foi no bosque, nem na floresta, foi bem pertinho de casa. Jamais imaginaria que na redondeza teriam tantas delícias assim... Engraçado, pois quando penso em nozes, logo penso no Natal, no Brasil, no qual sempre comprávamos apenas um pouquinho para fazer bolo, para enfeitar a mesa natalina, para matarmos a vontade e nessa época.

Agora, é fácil encontrarmos no mercado, num preço mais acessível. Então, não tenho mesmo que aproveitar? Faço isso e meu marido mais ainda. Morro de rir, pois diariamente ele retorna do trabalho com nozes na mão. A diversão do momento é caminhar e trazer nozes para casa. 

Bom, bom demais! Você também gosta de nozes? Gosta desse contato com a natureza? O que te surpreende mais nas estações do ano?  Seja na Alemanha ou em qualquer parte do mundo...Conta pra mim...


Bem pertinho! Na nossa rua uma grande árvore no qual há nozes que caem, rolam...


Conseguem ver?


Mais de pertinho.... zooommmm....

 Olhem só a quantidade... devagarinho, devagarinho estamos enchendo a cesta. Parece pequena, né?
30

Duas mãos

Ser mãe de três ao mesmo tempo que é uma das coisas mais deliciosas do mundo tem também grandes desafios. Você que é mãe imagino que deva saber disso! O quanto ter um, dois, três ou mais filhos faz com que mudemos nosso jeito de ser, nossos pensamentos e ações. Após filhos sempre estamos pensando e vivendo para eles. 

Com os três confesso que não paro um minuto, que o tempo todo estou por conta de um, ao mesmo tempo de outro e, logo em seguida, do terceiro (independente da ordem de nascimento). Agora, sempre fico pensando como a natureza é sábia quando vejo que temos duas mãos e não três, quatro. Realmente me deparo fazendo na maioria das vezes duas coisas, atendendo a demanda de dois filhos. Como é difícil atender exclusivamente um filho. Quando se tem mais de um é fato que a mãe precisa se dividir, driblar, dançar, correr para conseguir dar atenção e cuidar de cada um da maneira como precisam, desejam, de acordo com a demanda da faixa etária. 

É natural que tenha um filho que precise esperar a vez, aprender rapidamente a dividir o colo e as mãos da mamãe. Fácil? Nem um pouco para o filho e para a mãe. Sofro! Tem dias que sofro muito em querer fazer mais e mais. No entanto, foi a escolha que fizemos, quisemos ter três filhos, por isso, o desafio é nosso, só meu e do marido, ainda mais que moramos longe dos familiares e me deparo muitas vezes, na maioria sozinha, sozinha para cuidar deles. 

Mas se por um lado tem muito amor, dedicação exclusiva, tem muita preocupação; por outro há bastante aprendizado.

Aprendi a lidar com as tarefas do dia a dia de uma maneira mais simples, aprendi a confiar e acreditar no que meus filhos são capazes de fazer com pouca ajuda, o que dão conta de fazerem sozinhos. Hoje há uma grande cumplicidade entre os irmãos, somos unidos e há na maioria das vezes, colaboração de ambos os lados. 

Para realizar as inúmeras tarefas preciso ser dinâmica, consciente e rápida. No entanto, nem sempre consigo olhar os três ao mesmo tempo. Por isso, confio, faço combinados e conto com a ajuda dos anjinhos da guarda. 

O choro, por exemplo, faz parte. Uma mistura de sentimentos estão atrelados ao dia a dia, uma mudança constante de humor entre eles também. No entanto, passei a olhar tudo isso de maneira mais tranqüila, vivendo intensamente ao lado deles, porém sem me descabelar o tempo todo. 

Mas imprevistos e acidentes acontecem. Sem dúvida, há momentos difíceis, no qual me deparo pensando: “- Como é trabalhoso, difícil ter três filhos, com uma diferença de idade tão pequena!” Logo, vem mais e mais preocupações. 

Por exemplo, outro dia, no qual estavam no momento do banho. Geralmente dou banho no Lucas e, em seguida, no Felipe e Thomas. Nesse dia, dei banho no Lucas, coloquei o Felipe na banheira para começar a se molhar com o chuveiro e o Thomas estava ora comigo, no quarto do Lucas, ora olhando o Felipe no banheiro.

Colocaria a roupa no Lucas para em seguida dar banho nos dois juntos (Felipe e Thomas). No entanto, sempre coloco o Thomas na banheira quando estou junto. Nesse dia, Thomas resolveu brincar, se esconder atrás da porta do banheiro e, o que aconteceu? Prendeu o dedo na porta e começou a chorar. Nessa hora pensei que estava bravo por não conseguir fazer algo desejado, quando Felipe rapidamente contou para mim. Com isso, coloquei o Lucas do jeito que estava no berço (pensando que não poderia de jeito nenhum deixá-lo sozinho no trocador), corri para socorrer o Thomas e pedi para o Felipe esperar um pouco na banheira. 

Sozinha para dar conta de três demandas diferentes no mesmo momento. Difícil demais! Nesse dia agradeci os anjinhos da guarda e pensei que há momentos que realmente estou em situações difíceis, tendo que priorizar o que é mais importante, atender por ordem, por necessidade e tudo mais. 

Filhos pequenos! Apenas duas mãos, tem hora que não sei o que é melhor fazer: socorrer ou gritar? rs rs rs

39