A pequena vampira

Contexto: Volta às aulas. Thomas voltou para a escola na segunda-feira. Saiu animado junto com o pai, já que passeio é com ele mesmo. Chorou um pouco na hora da despedida e pronto. Ficou bem a manhã inteira. Terça-feira aconteceu tudo de novo, só que dessa vez eu que fui deixá-lo na escola. Chorou um tanto na despedida também e depois ficou bem.

Acontecimento: Na hora que fui buscá-lo vejo meu filho sentado no parque chorando e rapidamente indo para o colo da professora. A mesma tentou acalmá-lo. Quando me aproximei fiquei sabendo do pequeno empurrão que o colega havia acabado de dar. Realmente um pequeno empurrão e mais nada.
Quando olhei para o rosto do Thomas tinha uma marca na bochecha. Uma marca que parecia mais a impressão de uma bola de gude vermelha. Consegue imaginar o que aconteceu? Isso mesmo, Thomas levou a sua primeira mordida. Uma mordida que deixou uma marca considerável no rosto.

Causa: Não teve! Thomas estava brincando quando de repente a “pequena vampira” chegou e nhac.

Vítima: Na hora chorou muito! Não reagiu a situação. Foi um tremendo susto.

Culpada: Ficou muito triste pois levou uma “bronca”, a professora muito firme conversou com ela. Também chorou!

Professora: Ficou muito desconcertada na hora de contar para mim. Falou que foi tudo muito rápido e que realmente não deu tempo. Quando se aproximou já tinha acontecido. Relatou que a “pequena vampira” voltou das férias puxando o cabelo dos colegas, mordendo, empurrando e tudo mais. Que tem certas coisas que elas não conseguem prever, que certas coisas acontecem mesmo, por mais que cuidem.

Mãe da “pequena vampira”: Por coincidência também foi buscá-la no mesmo horário. A princípio sempre me cumprimentava, mas dessa vez mal conseguiu olhar para mim. Logo de início, não entendi muito bem quando falei “Hallo” e a mesma não respondeu, mas quando soube da história liguei os fatos e entendi um pouquinho aquela atitude. Vergonha? Chateada com a situação? Desconcertada? Triste? Brava?

Mãe da vítima: Engraçado viver esse acontecimento tendo outro papel. Enquanto professora presenciei algumas mordidas, algumas situações nas quais as crianças deixaram algumas marcas nas outras. Nunca gostei! Mas infelizmente acontecem e realmente muito rápido. Depende muito da situação, fazem muitas vezes como defesa, para agredir, para agradar, como demonstração de carinho, sei lá... Mas fazem! Dar a notícia para os pais sempre foi uma situação constrangedora, pois parece que não estávamos olhando, cuidando das crianças. É difícil para alguns pais entenderem a relação entre as crianças, as experiências com o próprio corpo ou até mesmo as atitudes do próprio filho.

Agora com esse ocorrido entendi um tanto do outro lado também, não só como professora, mas como mãe.

Logo de início deu um aperto no coração e bateu aquela tristeza. Olhava para a bochecha do Thomas, imaginava a situação. Fiquei realmente inconformada. Confesso que até passou um pingo de raiva. Como assim com o meu filho? Ele que é tão bonzinho. Que dificilmente empurra, cede na maioria das vezes. Apesar de saber que é genioso com o irmão, sei que na escola mostra-se muito tranqüilo. Por um instante pensei: Será que está se revelando? Colocando as manguinhas de fora? O que será que ele fez?

A verdade é que mãe sente, sente mesmo como se tivesse acontecido com ela. Sentimento, vai lá entender. Apesar de entender perfeitamente o ocorrido, pensei que ainda bem que ele foi a vítima, que não se transformou num pequeno vampiro. Talvez tenha sido melhor.

Você já viveu uma situação parecida? Quais sentimentos vieram à tona?

Em tempo: Passaram dois dias e a mãe da pequena vampira veio falar comigo. Pediu desculpas, contou sobre as atitudes da filha e mostrou interesse em ver o rosto do Thomas. 
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Parece com você!

Enquanto estamos na fase do namoro a gente imagina como seriam os filhos se casássemos com esse ou com aquele fulano. Quando começa o namoro sério, o noivado, a gente deixa de imaginar e passa a conversar com o parceiro sobre como seria o filho. 

Ficamos imaginando quais traços físicos gostaríamos que tivesse e falamos horas e horas que poderia nascer com a cor dos olhos de um, com o nariz do outro, com o jeito de ser de um e assim por diante. Imaginamos, idealizamos e queremos que o filho tenha traços semelhantes aos nossos, que tenha características / qualidades que consideramos as melhores de cada um (lógico que aos nossos olhos) ou pelo menos as que gostamos mais (mesmo que essa não seja uma grande qualidade, mas que seja o charme da pessoa para nós).

Mas tudo muda a partir do nascimento do primeiro filho. Ele nasce e logo identificamos as características físicas do pai. Coitada da mãe que passa nove meses com o filho na barriga, que sonha, sonha tanto com um filho parecido. Logo vem as pessoas e dizem que tem os traços, a cor do cabelo, enfim; que é a miniatura do pai. Poxa vida, a gente já sabe. Consegue ver...urgh... É ruim? Lógico que não! Mas no fundo queremos que pareça um tanto conosco. Nem que seja em relação as atitudes, ao próprio jeito de ser. Uma combinação perfeita.

O filho cresce um pouquinho e logo o “casal” engravida novamente. A mãe pensa que dessa vez o filho vai parecer pelo menos um pouco. E não é que é verdade? O segundo filho já parece um pouquinho mais. Pelo menos na nossa família foi assim. Consigo identificar semelhanças nos olhos e na boca. Já é alguma coisa. Já posso me dar por contente.

Como se isso já fosse o bastante quando temos filhos e pensamos nas semelhanças com os pais. Características físicas e ponto. Até parece, pois as características físicas sempre identificaremos parecidas com o pai, mãe, ou até mesmo com o irmão ou familiares. Agora, o jeito de ser, as atitudes que tem e a personalidade. Ah, essa já é uma outra história. Questiono muito as nossas atitudes, a nossa conduta e o exemplo que damos para eles. Pois vira e mexe os vemos fazendo algo que, apesar de serem tão pequenos, já marca o jeito de ser. Algumas vezes birrento, dependente, resolvido, alegre; enfim, que nos faz perguntar: “- Pra quem será que ele puxou, hein?!”; apontar “- Olha só... faz igualzinho você”. 

Começa assim, aquele jogo entre o pai e a mãe. Uma brincadeira sem fim. O início de enxergar no outro um tanto do que fazemos ou pelo menos como parecemos. Surpreendente! Como pode uma criança já mostrar um tanto do pai, um tanto da mãe.

Observamos que Felipe e Thomas são muito diferentes desde bebê. Para os pais, é inevitável, não lembrar de situações que o filho dava conta de fazer sozinho, outras mais dependente. Um tempo único no desenvolvimento, mas que mostra, ou pelo menos, aponta indicíos da formação da personalidade. Fico pensando o quanto há influência da mãe. O quanto a gestação, o estado da mãe, pode ter causado, gerado algo no bebê. Será que pode? Queria tentar adivinhar os possíveis fatores para uma criança ser de um jeito ou do outro.

Felipe é dependente, birrento porém carinhoso, sensível, doce, calmo, alegre quando não está bravo, bravo quando não está alegre, metódico, amigo, muito persistente, gosta de compartilhar e acorda de péssimo humor. Tem momentos de pico total, ora 8 ou 80. Bravo, então é muito bravo! Hora da farra, então hora da bagunça geral.

Thomas é mais independente, quer fazer tudo sozinho, decidido, sorridente (mas com poucos dentes), ativo, bem humorado, adora uma farra, adora proximidade, abraçar e quando dá os 5 minutos sai de perto.  Ah, ao contrário do Felipe, acorda num excelente humor.

Essas são algumas das características marcantes no jeito de ser de cada um, no qual identificamos parecidas ora com o pai, ora com a mãe. Muitas diferenças em relação ao tempo de desenvolvimento, na personalidade que mostram um tanto de como são, definem a presença na família e complementam um ao outro.


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Que tipo de avó você gostaria de ser?

Hoje sou mãe e penso que daqui a pouco serei avó. Você já parou pra pensar nisso? Pode dar risada achando que falta um tempo considerável pra isso. E falta mesmo! É tão bom aproveitar e curtir os filhos enquanto eles são pequenos. Mas o tempo passa... 

Lembro de quando tinha minhas avós por perto. Nem tão perto assim, já que uma morava no interior de São Paulo e nossos encontros eram periódicos (sempre em situações de festas, aniversários e um ou outro final de semana). Uma relação de extremo respeito, porém distante. As recordações que tenho giram em torno do maravilhoso almoço, típico mineiro, que fazia para o encontro de toda família. Acho que é tudo! 

Já minha avó que morava pertinho, sempre foi uma relação mais próxima. Havia maior demonstração de carinho, de querer proteger, ficar por perto e ajudar. Sempre uma extrema proteção, incentivo a alimentação e um bem enorme em querer ajudar a própria filha, nesse caso minha mãe. Então, tinha um tanto de ser avó mãezona, avó babá, avó cheia de opinião (no sentido de palpitar para a minha mãe fazer isso ou aquilo).

Sempre tive carinho por elas e penso que a geração fez com que as avós assumissem outro papel. Hoje, assim como antigamente, tem os mesmos tipos de avó. Cada uma com seu jeito cria uma relação com o neto, que pode ser mais próxima ou não. Tem as avós que trabalham fora e que destinam pouco tempo nos finais de semana para os netos, tem as super mãezonas que fazem de tudo e mais um pouco para agradar (mimar), tem as avós babás que dão uma super ajuda para as filhas ficando com os netos, tem as avós que adoram dar palpite e criar aquela confusão na família, tem aquelas que são distantes e não fazem questão alguma de curtir realmente os netos, tem as avós que fazem questão de ensinar tudo, tem aquelas que gostam de dizer como os netos são bonitinhos, que gostam de mostrá-los para todo mundo. Enfim, são inúmeros os tipos e podemos encontrar uma mescla em uma única avó.

Nunca pensei que observaria tanto a relação das avós dos meus filhos. Tudo bem que moramos distante e que cabe a nós fazermos com que haja aproximação, respeito e carinho por elas. Mas tem um tanto que é de cada uma, que cada avó faz e entende como seu papel também.

Fico pensando qual imagem meus filhos terão da avó. A que simplesmente é mãe da minha mãe, a avó que faz comidas gostosas, a avó que brinca muito, a avó que passeia e ensina um tanto de coisas, a mais carinhosa do mundo, a liberal, a paciente, a amiga... Quais serão as recordações que guardarão na memória?

Engraçado como cada uma tem um jeito de ser. Vejo que minha mãe e minha sogra são bastante diferentes. Não que uma dê mais carinho que a outra, mas que ambas apresentam um jeito de ser muito próprio. Uma maneira de falar, de conduzir a situação que com certeza tem influência pelo jeito de enxergar a relação avó / neto, maneira de olhar para uma criança e pensar no papel que exerce nos dias atuais. 

Meus filhos a pouco tempo tiveram a presença constante da minha mãe e, agora estão tendo da minha sogra. Eles adoraram! Uma relação que foi sendo construída dia a dia. Thomas até então estranhou um pouco no começo, mas hoje quer proximidade. Já para o Felipe a avó já é o bastante, tudo se faz, mas com a presença dela. A visita nessa hora é a maior parceira. Os pais nesse momento ficam no segundo plano, ainda mais quando a avó cede todas as vontades e preferências. E aqui não me refiro a mimar com doces, guloseimas ou presentes e sim ao carinho, a presença e atenção dada. Aquela interlocução mais pura e verdadeira, a partir de coisas tão simples que fazem juntos, gerando cumplicidade. Até eu... até você, não é mesmo? Quem é que não gosta disso tudo?

Pode ser que um tanto disso aconteça pela presença da avó praticamente o dia inteiro ao lado dos meus filhos. Tanto que ouvímos sempre: “- Cadê a vovó?”, “- Vovó, vem brincar comigo?”, “-Vovó vamos passear?”

Tudo isso é muito bom para meus filhos, esse tempo das avós para curtirem realmente os netos.

Agora, com toda a vivência e memória das minhas avós, hoje também tenho o modelo de avós para meus filhos e chego a pensar que nem sempre teremos a melhor relação, a tão esperada, entre as avós e os netos. Por inúmeras questões, por cada uma priorizar um tanto que considera fundamental no relacionamento. 

Mas enquanto isso, dá para idealizar, criar uma expectativa, guardar um tanto do que gostamos, consideramos importante para quando chegar a nossa vez. Não é mesmo? E você já pensou que tipo de avó vai querer ser?


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2 em 1

1.1 - Agradeço imensamente o carinho através dos comentários no post de ontem. Terminei o dia feliz e muito mais pensativa, pensando em coisas boas. Não queria encontrar uma solução, não queria que ninguém falasse faça isso ou aquilo, mesmo porque a decisão só cabe a minha família. Mas as experiências relatadas fizeram com que ficasse mais animada para continuar indo atrás de tudo que desejo, para continuar insistindo em encontrar o melhor lugar para viver, para ser feliz. Você não imagina como foi bom desabafar e “ouvir” um tanto das amigas virtuais. Obrigada de coração! Obrigada mesmo!

2.1 - Mas por enquanto que nenhuma decisão é tomada, que ainda fico em cima do muro, continuo vivendo e vivendo no maior calor. Acredita? Parece que o verão resolveu chegar por aqui. Essa semana foi atípica (já que não esperávamos que fosse fazer calor, sol nesse verão). Uma semana inteira com temperatura por volta dos 30 a 35 graus. 

Conclusão: verão, diversão garantida para os filhos e uma mãe morrendo de calor. Por mais que a gente aproveite uma piscina, um lago, sempre estamos para cá e para lá atrás dos pequenos. Sombra e água fresca, nãããoo! 

As crianças querem mais é se divertir na piscina e no parquinho. Não se satisfazem num único lugar, se estão na piscina, logo querem sair para brincar com os carros, se estão brincando com os carros, logo querem entrar para comer. O tempo é muito particular, não conseguem ficar muito tempo na piscina, muito tempo no parquinho. Um tempo diferente! Um tempo diferente para o Thomas e para o Felipe. Elas cansam e cansam rápido demais brincando com uma única coisa. Então, já imaginou o estado da casa, dos brinquedos espalhados, da rotina da mãe, do estado da mãe...rs

As férias estão chegando ao fim, mas foram boas para todos nós. Os meninos se divertiram muito, fazendo as coisas mais simples que uma criança pode fazer. Brincar! Brincar e brincar! No parquinho, dentro de casa, indo a alguns parques de diversão e, agora, nessa última semana na piscina. Piscinas em lugares que pagamos por hora, piscina na própria casa (pequena, mas que garantiu brincadeira, irmãos juntos e alegria).

Agora, tem coisa melhor do que ser criança? Aproveitar tudo que o verão e o lugar disponibilizam? E os pais, o que fazem? Aproveitam e se divertem também.

E isso é a maior alegria do meu dia...

Alguns passeios:

Descobrimos esse parque pesquisando na internet. Um parque com barco de Pirata. Nem preciso contar o quanto Felipe gostou, aproveitou para dirigir, espiar os inimigos, convidar a família para passear, fugir do jacaré e do tubarão. Não é mesmo?
Esse parque também foi uma descoberta pela internet. Engraçado como tem parquinhos espalhados pela cidade. Alguns ficam muito escondidos. Na verdade, imagino que seja somente para as pessoas que moram ao redor. Pois em todo lugar encontramos um. Olha que é um diferente do outro. Alguns com maiores desafios motores, outros enfatizando mais o jogo simbólico e, assim vai... Esse, por exemplo, tem desafios motores. Uma espécie de circuito para as crianças. Os menores precisam de ajuda, agora vimos várias crianças com seus 7 e 8 anos brincando também. Felipe gosta muito de desafio, de se aventurar, então lá estava ele...
Pensamos que nesse verão fossemos ver água somente dessa maneira... indo num aquário. Por sinal, fica a dica para quem quiser visitar: Sea Life em München. Vale muito a pena. Além de todo conhecimento sobre os animais que habitam o fundo do mar, a paisagem é maravilhosa.
Por fim, a água... a piscina. Alemão sofre, viu! rs Mas esses meninos não... aproveitam de qualquer jeito, esteja sol, nevando ou chovendo!

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Família, Decisão e Felicidade

Como é difícil tomar uma decisão quando não somos mais uma só pessoa, um único ser que pensa individualmente. A partir do momento que a gente casa tudo passa a ser dividido, compartilhado, discutido, organizado para o bem comum. 

Sempre fui muito independente, sempre tive um tempo para fazer as coisas que gosto; sempre fiz meus passeios, sozinha ou com minhas amigas; sempre trabalhei; sempre tive um salário na minha conta; sempre planejei vários acontecimentos na minha vida e sempre sonhei, sonhei...

Nunca deixei de idealizar, de pensar em uma vida melhor. Afinal, quem aqui nunca sonhou? Nunca planejou uma série de coisas, como uma bela viagem, a compra de um novo apartamento, um carro novo, engravidar em tal ano e, assim por diante. Isso faz parte, não é mesmo? Ainda mais depois do casamento! 

Queremos viver um amor intenso, ser namorados para sempre e jamais cair naquela rotina. Muitas vezes é inevitável. Mas a gente se esforça, “planta” uma sementinha aqui, outra ali. Um dia vivemos com mais emoção, outro mais triste, com uma angústia e, outro ainda, com muita esperança. Ainda bem, pois como já diziam há muito tempo atrás: a esperança é a última que morre.

Quando penso em alguns anos morando no Brasil lembro que tinha uma vida totalmente diferente. Mas não era a vida que gostaria após o nascimento dos meus filhos. Trabalhava bastante, realizava poucos passeios, não curtia como poderia o meu marido, a minha casa e a minha família. Hoje, após toda mudança, me deparo com algumas melhoras nesses aspectos, sou feliz com meus filhos e com a minha família. Tenho certeza que fiz a escolha certa no sentido de acompanhar o crescimento dos meus filhos, de abraçar realmente o que é ser mãe e de acompanhar meu marido nessa nova etapa profissional.

Agora, ser feliz por completo. Ah, isso é difícil ou será que sou a pessoa mais complicada do mundo? 

Vivendo aqui na Alemanha, praticamente 2 anos e 3 meses, tenho muitas dúvidas se quero continuar por aqui. Consigo enxergar um tanto de aspectos positivos, mas por outro lado, pesa muito o meu jeito de ser, a vida que levo, a falta que sinto das pessoas e dos lugares no Brasil. É difícil ter que se adaptar a um novo lugar, uma nova cultura, um novo idioma e a um novo grupo de pessoas. Não sou assim tão fácil... Juro que estou tentando, mas tem dia que acordo com a maior dúvida do mundo, logo me perguntando: “- Será que é isso que quero para mim? Será que conseguirei viver assim? O quanto já conquistei? - Será que falta pouco para a minha vida ficar melhor ainda?”

Por outro lado, sei que tudo só depende de mim. Só eu conseguirei encontrar o melhor caminho. Mas o que pesa mais nesse momento é o fato de não conseguir e poder pensar somente em mim. Atualmente tem dias que a tristeza bate forte, mas não consigo tomar nenhuma decisão. Tem hora que reajo e começo a batalhar para que tudo melhore, para que tudo passe a dar certo e da melhor maneira possível. Começo a limpar a casa, estudo alemão, tento realizar alguns passeios sozinha, ligo a televisão, converso com as vizinhas. Tem hora que tenho vontade de fazer as minhas malas e voltar. Voltar de vez... no qual bate aquele desanimo.

Quando penso nisso fico angustiada. Percebo que cada dia as coisas estão mais complicadas, ou talvez, melhores (pode ser que não esteja conseguindo enxergar o lado bom de tudo).

A todo momento penso que independente das minhas vontades, a do meu marido, temos dois filhos. Com isso, uma família! Uma família que está vivendo na Alemanha, que pouco a pouco, está criando raízes em outro lugar, em outro país. A família, a casa, as condições financeiras, a qualidade de vida, a segurança, a escola, os médicos, enfim; uma série de fatores que influenciam muito. Como jogar tudo para o alto?! Será que se fizer isso será uma boa escolha? A melhor escolha para o casal e também para os filhos?

Uma difícil tarefa tomar uma decisão. Sentir-se plenamente feliz, mas também garantir o bem estar, uma vida boa e muita alegria aos filhos. Pois éééé... uma grande responsabilidade! O papel dos pais enquantos os filhos são pequenos!


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Como deixar um irmão irritado



Cadê? Cadê? Cadê? Cadê é a nova mania da vez. Felipe começou a usar essa palavra em vários contextos para fazer uma pergunta.

Então, por exemplo, quando percebe que o irmão acordou e que está no berço resmungando, falando ou mesmo chorando corre para lá. Logo fala: “- O Thomas acordo!” Pede para ser o primeiro e fala que só posso ir depois. Agora, e o Thomas? Louco para sair do berço e ver a mamãe ou papai, precisa ficar esperando o irmão dizer:

“- Cadê a mamãe? Cadê a mamãe? Cadê a mamãe? Fala uma, duas, três, quatro vezes, conta nos dedos e depois diz: “- Achoooou!”

Thomas fica lá resmungando. Mas tem uma hora que dou o fim, logo entro no quarto e estão os dois nessa diversão. Melhor, o Felipe....rs

Isso já tem durado mais ou menos uma semana. Faz questão de ser o primeiro a entrar no quarto do irmão.  Hoje a mania também foi para outra coisa. Estávamos tomando café e, de repente, o pacote do queijo que eles gostam tinha terminado. De repente, começou:

“Cadê o queijo? Cadê o queijo? Cadê o queijo? Cadê o queijo? Acaboooou!” 

Nessa hora, Thomas fica olhando e dando risada para o Felipe. Uma troca de olhares, uma relação maravilhosa, uma cumplicidade sem fim. Mas em alguns momentos aposto que Thomas deve pensar: Esse meu irmão! Argh.... Eu pego ele qualquer dia!

Para a mãe, o melhor de tudo, é ver tudo isso naquele dia que está cansada, desanimada, querendo ficar tranqüila. Eles animam de verdade! Muito, mas muito bom!

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Apfel Kuchen ou Bolo de Maçã

Que tal mais uma receita? Na Alemanha, por conta das diferentes estações do ano, não é sempre que encontramos todas as frutas no mercado. Tem a época certa. Agora, tem algumas frutas que encontramos o ano inteiro, independente de sol, neve ou frio. Por exemplo: a maçã e a banana. Ainda bem, não é mesmo? Já imaginou se não existisse fruta num certo período do ano?

A maçã tem presença constante e há vários tipos: Gala (formato redondo, alongado e cor vermelha clara, muito doce), Fuji (tem sabor doce e ácida, redonda, de casca vermelha rajada, polpa dura, textura suculenta), Red Delicious (de casca vermelha brilhante e escura, é a mais doce de todas e não é muito ácida, boa para comer ao natural e em preparações assadas), Golden Delicious (vermelha com tons avermelhados, boa para doces e também em saladas), Granny Smith (maçã verde), tem ainda aquela meio esverdeada que encontramos nas árvores (geralmente azedas) e tem uma específica para crianças (uma maçã da Itália).

As pessoas aproveitam para colocar a maçã nas comidas e para fazer doces. São vários doces com maçã. O consumo realmente é grande.

Quero compartilhar uma receita deliciosa de um bolo de maçã. Simples, rápido e delicioso. Meus filhos adoram. Aproveite e faça junto com seu filho. Um bolo de fruta, que vai açúcar, mas que não é doce, doce, doce... Leve e gostoso para um lanche da tarde.


Ingredientes:

125 gramas de margarina
125 gramas de açúcar
3 a 4 ovos
1 pitada de sal
200 gramas de farinha de trigo
1 pacote de fermento em pó (como na foto) ou 1 colher de sopa bem cheia
4 a 6 colheres de sopa de leite (sempre coloco 6 bem cheias)
açúcar de confeiteiro

Modo de preparo:





Tempo no forno: cerca de 1 hora / temperatura 180 a 200
Ao retirar do forno colocar em cima do bolo um pouco de açúcar de confeiteiro




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Falas do Felipe, vergonha do pai

E lá vem mais história ... Felipe ultimamente está falando pelos cotovelos, parecendo um papagaio, não para um minuto, quer mostrar algo para mim, chama pelo pai e assim vai. Agora, o que chama mais atenção, além do sotaque, assim como viram no vídeo, é o fato de falar alto.

Quando conversa conosco, seja onde for, fala mesmo! Não tem essa de falar baixinho. Mas sendo criança precisamos dar um desconto, já que ainda não sabe os lugares em que pode falar alto, os lugares que deve falar baixinho. Penso que é um aprendizado diário.

Então, entre uma conversa e outra, sempre tem aqueles dias em que fala alto em determinados lugares e na frente de todos. Conversa comigo em português, então dificilmente entendem o que estamos conversando. As pessoas olham, ficam tentando adivinhar qual é o idioma, algumas dão um sorriso, outras ficam olhando com curiosidade e mais nada.

Com o pai só fala em alemão. Já imaginou o que pode ter acontecido? O pai tem participado de inúmeras situações, nas quais Felipe diz coisas engraçadas e questionadoras. As pessoas olham, dão risada, comentam algumas coisas e o pai nessa hora, adivinha? Acha super divertido, dá risada, conversa, responde mas, também tem vontade de cavar um buraco ou mesmo sair correndo. Morre de vergonha, pois as pessoas logo olham para o Felipe e, rapidamente, para ele.

Conheça os últimos micos vivenciados pelo papai do Felipe:

Estávamos passeando com a vovó do Brasil. Arriscamos conhecer dois castelos bem famosos na Alemanha. O primeiro Neuschwanstein e o segundo, localizado bem perto, Hohenschwangau. De antemão já antecipo que esse passeio não foi a melhor escolha, já que exige um tanto de paciência, pois não há nada tão chamativo e interessante para eles. Felipe gostou mesmo foi de ver na loja os livros relacionados as histórias medievais. Tanto que acabamos entrando somente no Castelo Hohenschwangau, quer dizer, a vovó, o papai e o Felipe; pois acabei saindo logo por conta do Thomas que não quis saber de participar. Também uma visita guiada com uma criança chorando, querendo andar e mexer em tudo. Não daria certo. Mas fizemos uma tentativa.

Estavam no meio da visita no castelo, conhecendo ambiente por ambiente, a monitora explicando tudo em alemão, quando ela deu uma paradinha, Felipe aproveitou e falou: “- Papi, langweilig” (papi, chato). Nessa hora, todos que estavam em silêncio, deram risada. A monitora virou para o Felipe e falou: “- Calma, está acabando! Pra você não está sendo tão legal. Mas até que você está aguentando bem”. Agora, e a cara do papai? Também será que depositamos muita expectativa de que Felipe ficaria bem e adoraria o passeio? rs

Geralmente aos sábados levamos o lixo na coleta seletiva, para sua devida reciclagem. Felipe adora ajudar o papai a colocar os lixos nos respectivos lugares. Então, enquanto estavam separando, colocando num contaneir ou outro, Felipe olha para o céu azul e vê metade da lua. Logo, diz bem alto: “- Papi, cadê o resto da lua? Ahhhhhh, com cara de espanto, continuou “- Outro dia mesmo ela estava redonda, alguém comeu?” Nessa hora, o papai respondeu que só dava para ver metade da lua. Enquanto isso, as pessoas gargalhavam ao lado deles. Felipe entrou no carro e foi boa parte do caminho olhando para a lua tentando entender como que podia ter visto somente uma parte da lua. Acho que o papai precisará dar aula de astronomia para ele, não acha?

E vocês já viveram algo parecido? Qual foi a reação de vocês? Brinquei que foi um mico para o papai, mas na verdade, ele acha o máximo. Volta dando risada, comentando como são os pensamentos das crianças. Apenas não acha algo mais agradável do mundo as pessoas ficarem olhando para ele com ponto de interrogação, querendo ouvir a resposta, querendo participar da conversa. Um pouco envergonhado. Não gosto de ser exposto perante as pessoas. Mas não comentem que contei isso sobre o papai do Felipe para vocês, ok? Senão....


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Blogagem Coletiva: Férias em Família


Hoje é o dia da blogagem coletiva no Mães Internacionais. Dia de contar sobre as férias em família. Quando vi que era esse tema fiquei pensando sobre o que falaria: viagem; família; verão na Alemanha (mas cadê o verão?); férias em família, só que com o papai trabalhando, viajando a trabalho. 

Nessa época, muitas famílias viajam para outras cidades da Alemanha, para a Itália ou Espanha. Elas gostam de ir para a Itália e Espanha para aproveitarem a praia. As famílias que ficam na Alemanha acabam aproveitando o que tem de bom por aqui. O que tem de bom nessa estação do ano: Biergarten (restaurante ao ar livre), lagos, piscinas, prainha na beira do rio Donau, parquinhos e parques de diversão. O investimento é alto principalmente nos parques de diversão, no qual é a época de maior freqüência e lucro.

Nós acabamos ficando por aqui mesmo, já que temos como idéia viajar no final do ano para o Brasil. Sabe aquela velha história: Priorizar, optar, economizar. Então, tivemos que pensar a partir de tudo isso. Além do mais recebemos duas visitas seguidas e achamos que seria melhor ficar na Alemanha. Então, o papai aproveitou para trabalhar, trabalhar e viajar a trabalho.

Já tinha feito um post falando sobre curtir as férias de maneira simples. Como as crianças se divertem com tão pouco. Posso dizer que isso é verdade. Estamos indo para a terceira semana de férias e Felipe tem aproveitado muito todo dia. Brinca em casa, adora brincar no jardim, a proposta de passeio num parquinho é sempre bem vinda ou mesmo uma volta pelos arredores do bairro. O importante para ele é ficar ao ar livre e respirar um ar puro. Para nós, maravilha também. Gostamos de ficar em casa, descansar, brincar com as crianças no jardim.

Mas pensando em férias, os pais sempre querem garantir alguns passeios com os filhos. Querem propor algumas coisas divertidas e novas. Nós não seríamos diferentes. Temos ido a alguns parquinhos novos que foram descobertos recentemente pela internet. Felipe tem adorado! O melhor de tudo é que não há gasto e sim muita diversão. Levamos cesta de piquenique, toalha e brinquedos de areia.

Além dos parquinhos, também costumamos ir em parques de diversão. Já fomos em dois que encantam de verdade. Vocês conhecem a marca de brinquedos Lego e Playmobil? Então, são esses parques. O Parque Legoland e o Parque Playmobil. Em junho fomos no Legoland e essa semana no Playmobil. As crianças simplesmente adoram!

Contarei um pouco sobre o parque Playmobil que fica localizado na cidade de Zirndorf – Alemanha. Há outros espalhados pelo mundo. Simplesmente fantástico pois tem uma enorme oferta de brinquedos. As crianças podem brincar a vontade. São várias áreas temáticas como (fazenda, mina de ouro, castelo medieval, selva, barco pirata) e também tem vários bonecos Playmobil de 1,60 de altura espalhados pelo parque. As crianças costumam passar pelo boneco, tirar foto, pegar na mão dele e abraçar.

Um aspecto bastante positivo nesse parque é que os espaços são todos interativos, em cada espaço temático há uma série de brinquedos Playmobil. Por outro lado, tem algo que os pais precisam orientar bem os filhos, caso contrário, saem no prejuízo. Na hora da saída a gente simplesmente passa por uma enorme loja da Playmobil. Vocês já imaginaram? Primeiro a criança brinca com isso, com aquilo e depois vê tudo na loja para vender. Imaginem o desespero dos pais. Muitos acabam comprando, o parque acaba lucrando muito nessa hora. Felipe não quis saber de nada, ainda bem... rs Apenas, estava interessado na revista que tem todas as coleções. A diversão dele é ficar folheando as revistas para ver os brinquedos. Pensam que não pediu nenhum. Ah, pediu sim, mas sabe que será somente no Natal. Não dá para ganhar brinquedo todo dia. Não é mesmo? Já pensou o que pensará em relação ao consumo e a própria vida?

Mas, fora todo o parque cheio de diversão para a criançada, o mais gostoso de tudo é passar um dia em família. Fomos nós quatro e foi simplesmente uma delícia. Ora Felipe brincava com água, ora o Thomas brincava com os barcos. Eles brincaram juntos, almoçamos, descansamos. Acho mesmo que o melhor de tudo é viver esse momento em família, só nós, para curtir um tanto de todos juntos, um tanto de cada um...

Tem curiosidade para saber como são as férias em outros países? Clique aqui.







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Um pedido, uma nova palavra



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Hoje estou no MMqD


Você já conhece o blog Minha Mãe que Disse? Se ainda não conhece corre pra lá!

Um blog criado pela Flávia (O astronauta) e pela Roberta (Piscar de Olhos), no qual reune toda a blogosfera materna num único lugar. Vale a pena conferir os textos, pois além dos diversos assuntos de nosso interesse, ainda temos a possibilidade de conhecer várias mães.

Hoje estou lá respondendo uma pergunta: Qual é o preferido? Uma pergunta que um dia me fizeram e que me levou a inúmeros pensamentos. Tem curiosidade para saber? Então, vai até lá para conhecer um pouco de mim. Um pouco da minha história!

http://minhamaequedisse.com/2011/08/17/qual-e-o-preferido/



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Tamanho Família


No tempo dos nossos pais, talvez dos nossos avós era comum cada família ser composta por muitos filhos. Aposto que já ouviu uma história contada por eles dizendo que a avó da mãe da Maria ou da Josefina, tendo menos condições e inúmeras diferenças no modo de vida, teve quatro, seis ou 15 filhos. Minha avó foi um exemplo, no qual teve 14 filhos. Segundo minha mãe meu avô adorava namorar, ter filhos e não ficava pensando nas condições que ofereceria para eles. E no final, deu tudo certo! 

Tem aquelas pessoas que brincam dizendo que na época não existia televisão ou mesmo que pensavam que quanto mais filhos, melhor para ajudarem no trabalho do campo. Com o tempo esse pensamento foi mudando, as prioridades das pessoas também e o acesso aos anticoncepcionais.

Atualmente cada casal coloca na balança as condições financeiras, a vida profissional, o tempo individual e que será destinado aos filhos, as condições para garantir os cuidados básicos e o futuro da criança. Afinal de contas, a partir do momento que se pressupõe ter um filho, imediatamente segue a idéia de querer dar o melhor para ele. De ter certeza, ou pelo menos os pés no chão, de que na atual situação política e econômica do país terão condições para fazer o que tanto desejam, o que tanto sonharam. E assim cada família faz uma escolha.

Logo que mudei para a Alemanha chamou muito minha atenção o fato dos pais sempre levarem a tiracolo os filhos, para cima e para baixo. As pessoas não tem o costume de terem babás, empregadas e mesmo a família, sendo próxima, dificilmente delegam a tarefa para ficarem com os filhos, para irem ao supermercado, fazerem compras e tudo que envolve a rotina de uma casa, uma casa com filhos. Enfim, assumem totalmente! 

Além de considerarem que não há quem ajude, praticamente no primeiro ano de vida do bebê, optam em terem no máximo 2 filhos. Muitas pesquisas mostram e foi constatado que a média é de 1,4 filhos para cada casal.

Agora, apesar de todas essas constatações e pesquisas tem lá suas exceções. Já vi mães da escola do Felipe com três, quatro filhos. São poucas, mas tem uma ou outra.

No entanto, tive uma grande surpresa, outro dia, enquanto estava brincando com os meus filhos no jardim. Felipe geralmente brinca com os vizinhos e nesse dia eles haviam recebido uma visita. Uma visita de uma família com muitos filhos. De repente, comecei a ver meus filhos brincando com os vizinhos e com mais algumas crianças. Comecei a contar uma, duas, três, quatro, cinco e seis. Foi algo que não acreditei. Todos irmãos, com uma diferença de idade muito pequena e com traços muito semelhantes. Um devia ter 2 anos, a outra 4, outro 6, outro 8. Era uma escadinha.

Observando aquela cena logo perguntei para o vizinho, amigo do Felipe, se todos os amigos que havia recebido em sua casa eram irmãos. Logo respondeu falando que sim, mas que não eram só 6, que haviam 10 crianças na casa dele. Nessa hora pensei que havia contado 10 incluindo ele, o irmão, o Felipe que também estava junto e, talvez, um bebê recém nascido. Mas não! Acabou reforçando que eram 10 irmãos. Contou de um jeito, achando a maior diversão, algo muito diferente. 

Não acreditando na quantidade e na beleza de todos os irmãos (pois realmente chamaram muita atenção), de onde estava dava para ver um pedaço da área externa da casa do vizinho, juro que fiquei olhando para ver se conseguia realmente ter noção quem eram os 10 filhos. Acho que vi o mais velho e tive a impressão de que não passava de 16 anos.

Agora, você já pensou em ter uma família assim? Nos dias de hoje você já viu essa quantidade de filhos, com idades tão próximas? 

Na hora sabe o que pensei? Poxa essa mãe cuida desses 10 filhos morando aqui na Alemanha, nas mesmas condições que eu e, às vezes, reclamo da correria do dia a dia com 2 filhos, casa, curso de alemão, marido e tudo mais que vem junto com o casamento e escolhas feitas pelo casal.

Ao mesmo tempo, fiquei imaginando qual seria o carro da família. Todos juntos assistindo televisão, sentados à mesa num almoço de domingo, comendo uma pizza... tamanho família.

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Independente da separação, sempre serão os pais

Outro dia conversando com uma amiga de velhos tempos (aquela que é amiga pra toda hora, de balada, de dormir uma na casa da outra, de ir para a praia tomar sol, de morar na mesma cidade e escrever milhões de cartas e mandar pelo correio, amigas loucas de verdade) falávamos sobre aniversário e lembrancinha. Logo, lembramos que outro dia mesmo estávamos em busca de nosso príncipe encantado (ah, isso não existe!) e que no próximo mês o filho dela fará 7 anos e que a sobrinha fará 16 anos. Como assim? Quando éramos amigas inseparáveis eles nem existiam.

Na hora, veio aquele sentimento da velhice. Aquele sentimento de como o tempo passou. Enfim, sentimento que nos persegue a cada dia. Ainda mais quando a gente se olha no espelho e começa a ver os cabelos brancos, começa a ver que o filho dá conta de fazer um tanto de coisas sozinho e de que emagrecer começa a ser algo mais difícil.

Mas filho foi o assunto daquele momento. Contávamos uma para outra sobre as conquistas, sobre o jeito de ser de cada um deles. A grande amiga me contou que o filho dela é tão carinhoso, que acorda e sai correndo para lhe dar beijos, que quer passar creme em suas espinhas. Um cuidado sem fim um pelo outro e uma relação muito amorosa. Contei das conquistas atuais do Thomas, em relação a fala, ao jeito de lidar e se relacionar com o Felipe.

Falamos e falamos sobre os filhos. Falamos sobre essa conquista tão especial que é formar uma família, pois filho logo lembra uma conquista familiar. Lembra laços afetivos, responsabilidades, valores e cuidados.

Tempos atuais em que existem novos tipos de família, no qual a união necessariamente não precisa ser de uma mulher com um homem. Que os pais, para serem pais de verdade, não precisam morar na mesma casa, que tem o direito de buscar a felicidade.

Tempo em que o mais importante são os pais reconhecerem a importância que tem para o desenvolvimento da criança, para que desenvolva todas as qualidades, para que a criança adquira valores tão sublimes para a vida. E toda essa formação depende muito da conduta dos pais, da relação que é construída com a criança. Para que aprendam não só através do que é falado para elas, mas pelo que vêem neles, como agem, como respondem perante os problemas.

Enquanto continuávamos a conversa, no meio de uma contação ou outra sobre os filhos, o ex marido, da minha amiga, ligou para dizer que estava levando o filho de volta para casa. Foi uma conversa tranqüila e com demonstração de carinho. Nesse momento, enquanto estava do outro lado da tela, no meu computador, por termos intimidade de anos, logo perguntei como andava o relacionamento entre eles; já que foi um grande susto quando soube da separação. Sabe aquele casal que você vê, convive e diz que viverão felizes para sempre. Pois é, mas as escolhas no decorrer do tempo foram outras.

Então, minha amiga respondeu: Hoje nossos somos os melhores amigos. Somos confidentes, pais de um menino lindo, no qual fazemos de tudo para que ele tenha uma infância feliz e para que saiba que estamos aqui, bem próximos. Apenas não somos mais casados, não somos amantes; apenas amigos.

Cada vez é mais freqüente ver filhos de pais separados. O que não é comum é ver um relacionamento assim, de amizade, talvez com intenções futuras, mas que hoje priorizam e dão toda a atenção do mundo para o filho. Afinal, é melhor assim para a criança. Ver os pais como sua maior referência.

Fiquei orgulhosa ao saber desse cuidado para o fortalecimento dos laços afetivos entre pai e filho, mãe e filho e respeito entre mãe / pai. Contente de saber sobre o abraço, sobre o abraço que dão ao filho diariamente por ele existir e fazer parte da família. Mais ainda, por ser também, a minha amiga!


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Escola: Só para contrabalançar

Aproveitando que estava de férias com os meninos, ops que os meninos estão de férias, resolvi organizar minhas idéias e críticas para falar sobre a Escola na Alemanha (pelo menos onde moro). Na verdade, após rever algumas posturas das crianças que com certeza tem influência da escola, senão pelo menos dos colegas, resolvi criar coragem para falar sobre um assunto que tanto me incomoda. Para quem acompanhou sabe bem que falei sobre Escola Ideal e sobre o Ensino da Arte

Tiveram muitos comentários, relatos, ponto de vista parecidos, dicas e apoio para que possa continuar com as críticas, para que possa pensar no que realmente é possível fazer e garantir. Agradeço imensamente, pois realmente acho importante que haja discussão sobre a Escola de hoje, sobre qual é o olhar que tem para a criança.

Para contrabalançar quero contar que nem só de críticas se vive a escola e que não seria diferente por aqui. Apesar de não ter certeza da proposta pedagógica, mas convicta de que não era a que esperava para a escola do Felipe, consigo observar aspectos positivos. Mas agora, cansada de pensar a respeito de uma, vou falar da escola do Thomas para depois sair um pouco de cena com esse assunto. Afinal, as crianças estão de férias! 

Quero compartilhar sobre a escola (berçário e aqui Kinderkrippe) que ficam crianças de 8 meses a 3 anos. Que fique claro que não concordo com todos os aspectos do trabalho, mas observo meu filho como o maior parâmetro (ainda que não fale tudo, que fale pouco) mostra em suas ações, em suas expressões como é a escola,  o quanto já aprendeu em pouco tempo estando lá. Além disso, tenho livre acesso diariamente para ver o que é realizado na escola (através do planejamento das atividades, de conversas informais, da observação do espaço e das relações entre as professoras / crianças e entre as próprias crianças).

Por serem menores a rotina é muito diferente, atende e respeita totalmente as necessidades físicas da criança. Consideram o que realmente é importante para a faixa etária e estão elaborando toda a documentação da proposta pedagógica da escola. A princípio tem um caminho e considerações que julgam importante priorizarem. Estão abertas para sugestões e mostram uma ênfase maior aos desejos da criança: brincar, comer, dormir, explorar diferentes materiais, ampliar o conhecimento sobre o que o cerca, imaginar, criar entre outros.

Através de alguns momentos simples da rotina junto as legendas conheçam um pouco mais o que observo que oferece de positivo para as crianças e, em especial, para o Thomas. Pois o espaço também evidencia o tipo de escola que é!


 Para mim o espaço físico não é o mais importante e sim o trabalho que é realizado. Quantas escolas apresentam uma estrutura maravilhosa, mas que de nada adianta para o aprendizado da criança. Acaba sendo uma total propaganda de marketing.

Nas fotos acima começando da esquerda para a direita (os móveis que tem nas salas para escorregar, subir, mexer / corredor com corrimão na altura das crianças e com alguns detalhes para interagir / lugar para deixar os pertences / banheiro / cozinha para as refeições / outra sala de aula / corrimão / sala que acontecem algumas atividades de pintura no cavalete, de movimentos / quarto com berço e camas.


Tablados de madeira interativos espalhados pela escola.


Após a recepção da maioria das crianças sempre tem uma roda de música para cantar, tocar instrumentos e/ou dançar.

Pelo menos uma vez por semana eles fazem um passeio pelas redondezas da escola. Para observar as flores, brincar no gramado, passear, ver os carros...

No parque, um momento para relaxar. Brincar no balanço, deitar ao lado de outra criança, cantar uma música.

De vez em quando tem algumas surpresas. Uma visita de um bichinho (ora coelho, ora tartaruga).


Parque muito tempo no parque. Se relacionando com outras crianças, tendo afinidade maior com uma delas.


Ainda no parque, espaço para caminhar, escorregar, desenhar e realizar as refeições.


Ah, havia esquecido que também é um espaço para brincar com água, areia e muita pedrinha.

Agora, seja sincera e me diga se estou sendo cega em alguns aspectos. Compartilhe comigo suas idéias. Será que devo realmente me apegar a essa escola? Pelo pouco que contei e observou que tipo de escola é essa para você? 

Pois assim como disse, tem que haver algo para contrabalançar.

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Quando eu crescer

Na minha infância lembro de ver meu irmão, ainda pequeno, observando o caminhão de lixo passar. Todos os dias, praticamente no mesmo horário, ao ouvir o barulho logo puxava minha mãe pela calça para ir até o portão. O motorista e os catadores, além de pegar o lixo, também esperavam por ele. Não para levarem junto com o lixo (meu irmão que me perdoe), mas para dar oi e conversar. Imagina o por que dessa atitude? Meu irmão tinha adoração pelo caminhão de lixo e pelo barulho. Encantado dizia que quando crescer iria dirigir um igualzinho. E essa cena ficou em nossa lembrança.

A maioria dos adultos em algum momento da infância já passou por algo parecido, no qual desejou ser alguém. Você lembra de algo parecido que aconteceu com você? Uma vontade, de uma hora pra outra, de ser alguém quando crescer? Seja lá quem for!

As crianças em suas brincadeiras imitam muitas pessoas e profissões. O universo que o cerca é o melhor exemplo para ela. Pai, mãe, avós, professora, carteiro, enfim, passam a fazer parte do dia a dia e através da fantasia e imitação tentam dar um sentido para isso. Talvez porque achem divertido, talvez pela admiração que tem pela pessoa. Porém, tem que gostar, tem que haver afinidade ou ao menos conhecer.

Lembrei da história do meu irmão e fiquei pensando o que leva as crianças a imaginarem e sonharem ser profissionalmente quando crescer, igualando-se as outras pessoas. A minha maior conclusão entre as possibilidades já citadas é pura admiração, aproximação, ou seja, o maior exemplo para elas. Quantas vezes os pais não escutam o filho dizer que quando crescer vai querer trabalhar igual o papai, a filha falar que vai querer se vestir igual a mamãe. Enquanto criança eles desejam ser iguais. E que bom que sentem orgulho de nós! Se possível, que continuem assim...

Então que todo esse pensamento, lembrança, toda essa história de querer ser isso ou aquilo quando crescer surgiu ontem durante o café da manhã quando Felipe e eu estávamos conversando. Entre uma fala e outra, sobre o queijo, sobre o que iria brincar, sobre as gracinhas do Thomas, me olhou e começou a listar não o que gostaria de ser, mas sim o que conseguirá fazer quando crescer. 

Fiquei tentando adivinhar de onde surgiu a idéia, mas sabemos que as crianças quando menos esperamos começam a dizer coisas que imaginam, que ficam guardadas após muitas observações, que ficam processando rs. E falam, falam um tanto sobre o que gostariam de fazer e ser. 

Felipe falou tanto que deu para fazer uma lista. Muito sério, dava pra ver que estava pensando, olhando para os lados, tentando lembrar das inúmeras situações que hoje não consegue fazer.

Divirtam-se!

Mami, quando crescer eu vou...

“- Fazer bolo assim, não vou mais precisar sentar na pia”.
Foi até lá e ficou na posição. (Referindo-se a altura. Que ficaria em pé e alcançaria a pia igual a mim).

“- Não vou mais precisar usar Hocker (banquinho) para fazer xixi e caca (cocô).
(Para alcançar e conseguir sentar no vaso sanitário).

“-Fazer comidinha assim”. Nesse momento foi e ficou na frente do fogão. Por que será que tem essa adoração, hein? Será porque vira e mexe vê a mamãe na pia, no fogão, na pia, no fogão?

“-Usar a faca para fazer tic tic tic tic (fazendo com a mão o movimento) e cortar o pão”. Pois sabe que não dá para brincar com faca, tem que ter cuidado.

“-Vou usar isso para limpar”. Aponta e mostra o aspirador. Tadinho!!! rs Olha o modelo que tem em casa. Diariamente vamos lá... hora da limpeza, da faxina.

“-Falar que horas”. Olha para o relógio da cozinha. Fica olhando como se não entendesse nada todos aqueles ponteiros.

“-Comer o queijo da mami e do papi.” Ele come queijo sim! Mas lógico que tem um ou outro que ele não come, que não damos por ser forte demais.

“-No trabalho do papi”. E tem hora que é um xodó, um grude só.

“-No trabalho do papi. Vou viajar igual o papi”. Nem preciso dizer que está sentindo a viagem do pai.

“-Tomar no grande copo igual você mamãe”. Será que pensou no copo de cerveja? Hahahaha

"-Dirigir igual você e o papi”. Óbvio! Todo criança fica admirando os pais enquanto estão dirigindo.
 

“-Por roupa no varal”. De novo, hora da limpeza! E que modelo tem em casa, hein!? rs

E todas essas falas, hein! O que será? Será uma vontade enorme de crescer?


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Arte na Escola


Casos:
1) Chego na escola e me deparo com um corredor cheio de trabalhos nos murais. Observo que é a parede ao lado da sala do Felipe. Paro e começo a olhar os trabalhos que estão em duas fileiras, um ao lado do outro. Logo encontro o do Felipe e vejo um ratinho desenhado. Nem tão próximo de uma imagem real, nem de desenho animado, mas fácil de identificar já que ao lado estava escrito o que era. Observo os outros e também vejo ratinho em todos os papéis, uns mais coloridos, alguns pequenos, outros com orelhas enormes e assim por diante.
Estranhando todos terem desenhado ratos fiquei parada por um instante tentando entender a proposta, e quando olhei no canto superior da folha estava escrito o nome da história. Conclusão: vamos desenhar o ratinho da história? Uma proposta fechada e única para todas as crianças. Todos desenharam da sua maneira e mesmo aqueles que fizeram linhas ou preencheram a folha toda elas escreveram para sinalizar que era o rato.

2) Então que num belo dia vou buscar Felipe na escola e ele feliz da vida me mostra um trabalho que “havia feito” e que levaria para casa. Uma carinha que sobrepõe outra, no qual conforme a gente mexe mostra as expressões: alegre, triste, feliz e bravo. Brincamos o dia inteiro, Felipe mostrava a carinha e imitava a expressão. Perguntei para ele: quem fez isso? Logo respondeu que havia sido ele com a professora. E tinha carinha, olhos, nariz e diferentes tipos de boca. Detalhe: tudo nos respectivos lugares.

3) Páscoa! Uma data comemorativa que as escolas adoram. Fazem propostas de tudo quanto é tipo. Felipe trouxe para a escola um desenho de um coelho. Quando vi na hora imaginei que alguém havia feito por ele ou para ele. Sem querer tirar o mérito e possibilidade de criação do meu filho, mas mãe conhece o filho e sabe como ele desenha. Quem é professora, mãe e acompanha os trabalhos do filho de 4 anos sabe quais são as representações significativas que faz enquanto desenha, pega um lápis e um papel...Fases do desenho, assim como da escrita. Então, na mesma semana convidei Felipe para fazer um desenho e sabe qual foi a resposta dele? Você! Você desenha pra mim. Eu não sei...

4 e último) Poucos dias antes das férias novamente me deparo com desenhos no mural. Só que dessa vez eram de joaninhas. Novamente a proposta era de acordo com a leitura da história. Olho e vejo a joaninha do Felipe. Era uma joaninha, com as mesmas cores quando você vê uma ao vivo, no mesmo formato e com todas as suas partes, marcas e traços. Então, pensei comigo... O tempo passou, as propostas continuaram, o incentivo, a “mãozinha dada também” e Felipe desenhou sozinho a joaninha. Dei um voto de confiança para a escola, pensei em todo o processo vivido por ele. Mas outro dia estávamos no quarto brincando quando de repente abre o armário e pega uma folha e então começa: precisa fazer uma bola para a cabeça, uma bola para o olho, agora uma bola para o nariz, isso para as pernas ( e faz traços, como uma espécie de pauzinhos). O que deu a impressão de ser algo ditado, algo orientado passo a passo.

Considerações finais:
Trabalhei muito tempo como professora de Educação Infantil. Sempre fui apaixonada por Arte. Adorava estudar, ler e trocar experiências com arte educadora e artista plástica. Sempre incentivei meus alunos a criarem, usando tintas, cores e suportes de acordo com a imaginação. 

Considero importante que a criança conheça quais são as possiblidades de uso do material, quais são as técnicas que existem, que ora podem fazer um desenho de livre criação, ora podem se inspirar num “modelo como uma imagem, a ilustração de uma história ou desenho do colega”. Desde que não haja cópia todo momento, desde que alguém não fique ditando os passos, pegue na mão e não respeite o conhecimento da criança. É preciso criar, ousar e experimentar. Cabe ao professor incentivar e abrir espaços na rotina para esse aprendizado.

E você o que pensa sobre isso? Acha que a escola intervindo dessa maneira faz com que as crianças tenham possibilidade de criar? Que elas tenham vontade de desenhar? Será que estou sendo muito cri-cri? O que você faria?

a) Compraria imediatamente uma tela e um caderno de desenho para seu filho. Além dos materiais de Artes (como pincéis, canetinhas, lápis, papéis diferentes, outros). Se bem que já fiz isso. Deixaria disponíveis para a hora que quisesse desenhar.
b) Começaria a propor também um contato maior com a Arte, fazendo a sua parte, mas sem bombardear de idéias, propostas, visitas aos museus e tudo mais.
c) Solicitaria uma reunião urgente na escola.
d) Desistiria de ficar encanada com a situação, já que tantas pessoas aprenderam dessa maneira.
e) Ou....
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Juntos: Dia e Noite

Contei que meus filhos estão de férias? As bem vindas férias de verão! Felipe entrou de férias uma semana antes que o Thomas. Brincamos, assistimos filme bem pertinho um do outro, passeamos, fomos ao supermercado e também preparamos almoço juntos. 

Percebi que foi muito bom para o Felipe ficar comigo por algumas horas, sem precisar dividir a atenção com o irmão. Mas apesar dessa enorme felicidade de se sentir meu único filho, meu companheiro e super ajudante, em muitos momentos me perguntava se já estava na hora de buscar o Thomas na escola. 

Fazia questão de buscar e pegar o casaco do irmão para levar para o carro. Emocionante ver o cuidado e relação entre eles.

Chegando em casa geralmente brincavam no jardim andando nos carros, de bicicleta observando os bichos voando e pousando nas flores. Quando entrávamos em casa fazíamos um lanche para depois continuarem a brincar. 

Após comerem, hora do agito! Hora de ir do quarto para a sala, da sala para a cozinha, da cozinha para o quarto brincar com os carros, de preparar comida, com os tratores, com a máquina registradora, com lego; enfim, com todos os brinquedos guardados e arrumados nos devidos lugares. Afinal de contas, essa é a melhor diversão, além é claro de correr de um lado para o outro atrás do irmão.

As semanas são assim. Final de semana intensifica a brincadeira e aumenta o tempo em que estão juntos. Nas férias então nem preciso dizer. São um grude! Chiclete total!

O dia passa e tudo gira em torno das seguintes falas: “Mami, cadê o Thomas?, Mami olha o Thomas? Thomas eu tô brincando!, Nein!, Devolve meu carrinho!, Thooooomas!, Mami olha que lindo o que o Thomas tá fazendo!, Vem Thomas!, Eu vou te pegar! Mami cuida para o Thomas não pegar não!"

Falas que mostram uma relação de cumplicidade entre irmãos, um carinho enorme, mas que revelam o jeito de ser e características tão próprias da idade. Felipe ao mesmo tempo que gosta do irmão por perto, não consegue interagir durante as brincadeiras. Tenta, mas é difícil pois Thomas gosta na maioria das vezes de ter nas mãos o mesmo brinquedo que ele e gosta de desmanchar o que está montando. Quando acontece isso, Felipe prefere brincar sozinho, fica com vontade de empurrar e arrancar o brinquedo da mão dele. Experimentando maneiras de resolver o que não gosta que o irmão faz no momento que estão juntos! Um aprendizado e haja intervenções dos pais.

Mas depois de um dia de brincadeira e pequenos atritos entre irmãos chega a hora de ir para a cama. A tão abençoada hora de dormir! Papai viajando, meninos dormindo e, de repente, da minha cama escuto:

“- Thooomas! Thomas! Thomas! Queee coisa....” 

O que acha que foi isso? Felipe e Thomas brincando? Mamãe sonhando? Mamãe tendo um pesadelo que os filhos estão brigando? ou Felipe sonhando? Isso mesmo! Felipe sonhando com o irmão. 

Não acreditei. Levantei da cama e fui até o quarto dele. Confirmei que estava realmente sonhando. Sonhando que estava conversando com o irmão, melhor “discutindo”, já que diz igualzinho durante as brincadeiras quando se incomoda com algo.

Brinca, briga, brinca, briga, dorme e depois sonha! Por um instante fiquei do seu lado imaginando a situação. Fiquei surpresa em pensar que nem só de noites agitadas, noites que acorda pedindo pela mamãe, chamando o papai, chorando estão presentes nas dormidas do Felipe. Agora, também sonha!


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Utopia: escola ideal

Será que existe escola ideal? Você considera escola ideal a que escolheu para colocar seu filho? Acho uma grande utopia. São muitos aspectos a serem considerados pelos pais. Até pode ser próxima do ideal, a possível no momento da vida dos pais e da criança, mas ideal de verdade acho difícil. A não ser que fechamos os olhos e deixamos os dias passarem, os meses e os anos escolares. Depende mesmo do ponto de vista e do que é relevante para os pais em relação a escola e ao ensino.

Quando Felipe nasceu logo passou pela minha cabeça o dia em que estaria levando para a escola, o primeiro dia de aula, os primeiros amigos da sala e a primeira reunião de pais. Me diga qual mãe nunca pensou e imaginou esse momento. Natural sonhar com cada acontecimento relacionado ao desenvolvimento e crescimento do filho.

No Brasil, em cada escola que trabalhei sempre tive clareza do método, no qual observava a infra-estrutura, a relação professor / aluno, os materiais didáticos para ver se condiziam com o que era proposto e apresentado como objetivos de ensino. Tinha um olhar mais próximo entre o ensino proposto, a realidade da escola e o que realmente acontecia dentro da sala de aula. A possibilidade de conhecer, debater, criticar e sugerir era bem maior. 

Trabalhando na escola é possível enxergar de pertinho os bastidores, ou seja, como tudo acontece ao vivo e a cores. Talvez seja até uma situação difícil de lidar, pois sendo professora e mãe da escola ao mesmo tempo os objetivos podem ser bem diferentes. A professora pode ou não enxergar a escola em que trabalha como a ideal, melhor, possível para o filho. 

Na maioria das escolas a professora tem direito de colocar o filho e lógico que acaba sendo uma ótima opção, no que se refere a parte financeira, de conhecimento sobre o método de ensino e de acompanhamento dos acontecimentos diários. Os pais optam por essa alternativa, já que convém a realidade atual. Eu não poderia ser diferente, sempre imaginei meu filho estudando na escola onde trabalhava. Uma escola possível, no qual sempre tive em mente os aspectos positivos, mas também muitos que discordava. Mas independente desses pontos acreditava na escola. Mesmo porque jamais trabalharia muito tempo numa escola que não correspondesse aos meus objetivos de ensino. 

Então, de repente, como um passo de mágica, tudo isso muda. Mudei para a Alemanha, Felipe que teve uma pequena experiência no Brasil, passa a fazer parte de outro berçário (Kinderkrippe) e, a um ano, de uma escola de Educação Infantil (Kindergarten). 

Uma escola de educação infantil que jamais havia imaginado. Uma construção bastante diferente, uma escola pequena com mobiliários dispostos de uma outra maneira. Com espaço na sala de aula, poucas mesas e com cantos específicos para os brinquedos. 

Uma escola no qual a relação professor e aluno é distante. Não há aquela aproximação, aquele carinho constante que a professora beija, coloca no colo e abraça. Algo mais esquisito do mundo foi quando vi pela primeira vez a maneira como elas cumprimentam as crianças. Costumam dar a mão e falar Guten Morgen (Bom dia). Na hora de ir embora a mesma coisa. Na minha opinião, tudo muito formal. Não precisa exagerar na relação de proximidade convidando-o para ir em sua casa; mas esperava algo mais próximo. Afinal de contas, trabalham com um grupo de crianças.

Pensei que a cultura e mesmo o fato de falarem alemão (já que para muitas pessoas é considerada uma língua feia e ríspida) não fosse atrapalhar a relação. Mas notei que há uma formalidade na educação e no próprio relacionamento entre a professora/criança e professora/pais. 

Agora, meu desejo é compreender o método de ensino da escola. Será que posso transpor essa relação que há entre a professora e a criança para a maneira como é ensinado? O que é ser criança para elas? Quais objetivos implicam na realização das atividades propostas?

Talvez possa perguntar para a própria escola. Já fiz isso em relação a alguns aspectos do trabalho e pensa que tive uma resposta que suprisse minhas dúvidas? Não. Ora analiso como uma escola totalmente tradicional, no qual enfatizam a reprodução de algo pronto, do aprendizado de técnicas, ora identifico príncipios de uma pedagogia montessoriana. Ainda há falas que mostram o quanto estão preocupadas com o aprendizado de cada criança, no qual o respeito, incentivo e tempo individual estão presentes diariamente.

Tenho essa meta, mas sei que não posso ser tão radical, já que estou começando a conhecer e foi uma opção possível na cidade onde moramos.

Ao mesmo tempo, meu filho mostra um tanto do que aprendeu na escola. Posso observá-lo em relação as boas maneiras, posso perceber que identifica o próprio nome e diferencia dos demais, o interesse por brincadeiras que faz com os colegas, conta o nome da história que a professora leu. Enfim, são vários indícios que mostram o que é priorizado no currículo. Ações que mostram que está aprendendo e, o principal, que gosta da escola.

Continuarei com dúvidas, vários questionamentos, mas sei também que está longe de ter uma escola ideal. Enquanto isso, penso no que é possível fazer perante a escola e em casa incentivo ao que considero importante nessa fase da escolaridade.


P.S: Agradeço a força e carinho de todas no último post. Como é bom contar também com as amigas virtuais!
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Só nós três...

Sentada no sofá olho pela janela, percebo o silêncio de domingo, numa cidade pequena. Meu pensamento começa ir longe olhando para aquela chuvinha de verão. Verão que nada! Onde está o verão na Alemanha? 

Começo a sentir um aperto no coração, uma vontade de abraçar as pessoas mais importantes da minha vida. Por que isso de repente? Porque ao mesmo tempo que pareço forte, dando conta de tudo, ultrapassando todos obstáculos que tenho diariamente pela escolha que fiz; sou uma pessoa como você que chora, sente saudades, tem medo, vontade de largar tudo, que sorri, que tem vontade de voltar no tempo ou fazer ele correr. Por que? Porque me sinto sozinha. Porque tem momentos que a solidão chega sem pedir licença.  

Se voltasse no tempo estaria do lado da minha família, teria amigos por perto que sei que posso contar, estaria segura na cidade onde nasci e com o sentimento de pertencer a um lugar. Ficaria bem, pois não haveria esse aperto no coração e essa vontade de chorar por conhecer tão pouco um lugar, as pessoas, por saber tão pouco me comunicar e saber que agora tudo está nas minhas mãos. Que por um tempo preciso mostrar um pouco a mais do que sou. Preciso me sentir forte o suficiente para dar conta de todas as minhas responsabilidades. Para mostrar aos meus filhos o quanto sou capaz de cuidar deles, ficar bem nesse lugar e sorrir (mesmo sem a presença do meu marido para alegrar todos os meus dias). Difícil, mesmo que seja por uma semana e que tenha viajado a trabalho.

Mas o que me entusiasma e dá forças nesse momento é saber que tenho meus filhos por perto. É saber que os filhos tomam uma grande parte do tempo, da vida. É saber que ouvindo as palavras divertidas do Felipe, o convite que faz para brincar toda hora ou para assistir um filme com ele, ver o sorriso do Thomas, ouví-lo falar Mama, Mama, Mama (sua mais nova palavra, além de caca e bagger), organizar tudo que uma casa requer e uma rotina com filhos também fará com que o tempo passe rápido. Muito rápido! 

Para que assim, não estejamos só nós três...

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Resultado do sorteio

  


  Parabéns Flávia! Agora, pense no desenho e escreva para mim (c.oberding@hotmail.com) Beijos
 
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Tempo! Férias! Crianças! O que fazer?


Quando estávamos prestes a mudar, uma pessoa que mora na Alemanha nos disse que apesar do frio, da temperatura chegar até – 20, da neve também tem dias de verão no qual a temperatura chega a 35 graus. 

No primeiro ano morando aqui presenciei dias de calor, muito abafado e com vontade de ficar numa piscina. No ano passado, tivemos alguns dias mais quentes nos meses de julho até o início de setembro.

Atualmente sempre que encontro essa pessoa ela disfarça e faz cara de indignição para o tempo dizendo que é um ano atípico. Ahhh tá, vou fingir que acredito! Acho mesmo que quis me impressionar dizendo que teria uma temperatura parecida com a do Brasil. Ainda bem que não acreditei fielmente. Mas é aquela velha história... A gente tem esperança! E sonha... e tudo mais.

As cidades apresentam uma estrutura com ótimas opções de lazer para esses meses de férias. As férias variam de período, dependendo do estado. Algumas começam em julho e terminam em agosto. Outras começam em agosto e terminam em setembro.

Na semana passada, me deparei com esses dois jornais. Logo pode-se ler “Sommer wochen” (semana de verão) e no outro “Meine Freizet” (tempo livre). Ambos apresentam inúmeras sugestões de passeio (parque de diversão, parque aquático; enfim, a maioria que requer tempo bom). Chamou minha atenção o título do primeiro e a imagem do segundo. Convidando para curtirmos o verão, para aproveitarmos para nadar. Mas como, cadê o verão?

Acho que eles se enganam. De verdade, acho que a diversão acontece mesmo no inverno e no período de neve.

Tanto que saiu no jornal esses dias que as pessoas estão optando a irem ao cinema, ao invés de parques, piscinas e lagos.

Hoje começam pra valer as férias, já que Felipe e eu estávamos esperando encerrar a semana na escola do Thomas. Com a falta de calor e consequente impossibilidade de nadar em lagos ou piscinas, estou tentando listar alguns passeios para fazer com os meninos. Também não está nevando e dá para sair. Mesmo se estivesse com certeza não seria um empecilho para meus filhos que já se acostumaram com a neve.

Conversando com o Felipe perguntei o que gostaria de fazer nas férias. Logo me disse: andar de bicicleta, brincar lá fora, ir no parque, brincar com carros, fazer piquenique, andar de trem e de ônibus, brincar com os amigos da escola, ir ao Zoológico e no parque de diversão.

Interessante como as crianças são felizes por si só. Não precisam de muito para se divertir. Quem disse que precisa viajar nas férias? Quem disse que precisa realizar um passeio por dia? Quem disse que precisa investir muito dinheiro nas férias? A maioria das crianças não tem a dimensão da infra-estrutura e do que a mídia de uma cidade oferece nesse período. Fica claro que são os pais que sentem-se obrigados a fazer isso, depois aquilo, depois aquilo outro. Estou errada? Criança quer companhia dos pais, quer brincar com outras crianças, quer brincar com os brinquedos preferidos, quer aconchego, quer observar os bichos no jardim; enfim coisas simples da vida.

Com isso, lembrei das mães que moram na Europa, cujos filhos estão de férias. Além disso, não daria para esquecer do Brasil, no qual as férias acabaram faz pouco tempo. Aposto que as mães estão fresquinhas de idéias. Então, que tal compartilhar comigo algo simples que fez com seu (s) filho (s) nas férias. Algo marcante para ele, criativo e simples para você! 

Ahhh colaborem contando para essa mãe que é enganada pelo tempo e pelas pessoas que vivem há muito tempo na Alemanha... rs rs rs

 
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